A primeira transmissão de rádio no Brasil foi em
setembro de 1922 durante a Exposição Internacional do Rio de Janeiro que celebrava
o centenário da independência. Contar um pouco da história do rádio brasileiro
sem citar Ademar Casé, seria um tremendo equívoco. Uma das figuras mais
importantes dentro da cultura do entretenimento de massa no país deu forma à
linguagem usada até hoje neste meio de comunicação.
Ademar Casé, brasileiro, pernambucano, radialista,
quando desempregado chegou a ser garçom e vendedor de imóveis. Tornou-se
agenciador de anúncios para a revista Don Quixote e outras publicações como o
Careta, Revista da Semana, Fon-Fon, Para Todos, Cena Muda e O Malho. Como o
dinheiro era pouco, decidiu que precisava de mais um emprego e começou a vender
receptores Phillips, essa foi a grande oportunidade que precisava.
O que surpreende e chama atenção é a forma criativa
e o espírito empreendedor desse grande ícone visionário. Ele passou a usar a lista
telefônica (na época apenas pessoas com poder aquisitivo possuíam aparelhos
telefônicos) para obter clientes. A sua tática era fabulosa: a visita era feita
nos dias úteis, e fazia questão de falar com o proprietário chamando o pelo
nome como se realmente conhecesse a pessoa. Após a apresentação do produto,
instalava e deixava sintonizado na PRAA (Rádio Sociedade do Rio de Janeiro), e
melhor da época.
Com apenas alguns dias de uso, a família já
ficava encantada pela grande novidade e a compra era inevitável. As vendas eram
surpreendentes e chamou a atenção do então diretor da Philips que resolveu
conhecer pessoalmente o extraordinário vendedor que saia da loja carregando 30
aparelhos e voltava com um pedido de mais 27.
Aproveitando de sua grande fama entre os
profissionais da rádio Philips, Ademar Casé sugeriu a um dos diretores o
aluguel de um horário para expor as suas ideias às novas experiências dando
mais dinamismo a outro programa de sua autoria. Fato este mais audacioso em
relação ao programa líder de audiência da época chamado de (Esplêndido
Programa), transmitido pela Rádio Mayrink Veiga.
A grande façanha do rádio iniciou-se em 14 de
fevereiro de 1932. Nascia então o programa de Ademar Casé, porém o nome só foi
dado oficialmente durante a programação pelo diretor da rádio Philiphs batizado
como Programa Casé. E realmente ele
revolucionou, sendo o pioneiro na criação de Jingles, pagamento de cachês para
cantores, atores e contratos de exclusividade.
O programa tinha a grade cheia durante o todo o dia entre as nove da
manhã até a meia noite. Líder de
audiência, o Programa do Casé foi absoluto durante 20 anos.
Com a chegada da televisão usou novamente a sua
visão futurista e mergulhou de corpo e alma naquilo que seria a repetição de
mais uma saga de sucesso, conquistando o mesmo ápice de antes na rádio. Atuou
em quase todas as emissoras de televisão da época: TV Tupi, TV Rio, TV
Excelsior, TV Continental, TV Educativa e TV Paulista, a um passo de se
transformar numa sucursal da Rede Globo. Criou o programa de auditório Um Instante,
Maestro, em que Flávio Cavalcanti apresentava.
Sempre ligado ao público infanto-juvenil, criou
programas como Teatro de Malasartes e Fantoche estrela. No teatro, dirigiu A
fábrica dos sonhos. Mas a maior realização de Casé foi a adaptação das
histórias do Sítio do Pica Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, para uma série de
televisão, entre 1977 e 1986. Também compôs com Dori Caymmi as músicas da
trilha sonora como "A Cuca te pega", "Rabicó" e
"Quindim”. Também dirigiu o Setor Artístico
da TV Bandeirantes e sua última ocupação era de Diretor Artístico da Divisão
Internacional da Rede Globo.
Tudo que temos hoje em veículos de comunicação em
massa é devido à visão e ao esforço desse mito brasileiro que pouco ouvimos
falar, porém de grande importância em nossa cultura. Até hoje nada se assemelha
a essa estrutura criada anos atrás. Algo para refletirmos em tempos de mutações
tecnológicas: Qual será o futuro dos veículos de comunicação em massa?
Ademar Casé
(1902-1993)
Links
sobre algumas obras de Ademar Casé: http://www.pindoramafilmes.com.br/projeto_videos/programa-case
Canny Publicidade / Eduardo Croce
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