1 de outubro de 2012

Marketing Político: modelo ou conteúdo ultrapassado?

A propaganda eleitoral gratuita no Brasil chega ao seu 50° aniversario. Com o advento de novas plataformas midiáticas, cabe uma pergunta acerca do que realmente está ultrapassado: o Modelo ou o Conteúdo?

Mesmo antes do surgimento da televisão, os meios eletrônicos já serviam para a conquista da simpatia do povo. É célebre o caso do ministro da propaganda de Adolph Hitler, Joseph Goebbels, que priorizou o rádio, veículo de comunicação de massa mais popular à época, apresentando somente as virtudes do Führer, sem citar seu lado negativo e, em apenas um ano, aumentou em mais de 25 milhões o número de ouvintes.

Em tempos mais recentes, o vídeo da candidatura do democrata John Kerry à Presidência norte-americana foi assinado pelo cineasta Steven Spielberg e contou com a narração do ator Morgan Freeman, ambos vencedores do Oscar, prêmio máximo do cinema mundial. O candidato brasileiro Fernando Collor de Mello usou e abusou da imagem no pleito de 1989. Conquistou boa parte do eleitorado e continuou a explorar o marketing pessoal durante seu mandato.

O jornal Folha de São Paulo divulgou nesta semana que os candidatos à prefeitura de São Paulo vão aparecer mais na televisão do que os maiores anunciantes do país. Em Curitiba, a situação não é diferente, o atual prefeito Luciano Ducci, por exemplo, terá o maior tempo também nas inserções. Serão 10’45’’76 diários, totalizando, ao final da campanha, 968 comerciais. Mas será que esse modelo irá resistir aos avanços tecnológicos?

Um dos mais novos cases de sucesso no Marketing Político é o do presidente e candidato a reeleição americana Barack Obama. Após ser o primeiro candidato negro a concorrer à presidência americana, Obama inovou e foi pioneiro no sentido de usar as novas plataformas midiáticas a seu favor. Com uma estratégia bem definida e ganhando as pequenas votações e "caucus" (assembléias de eleitores), Obama inovou não como falar, mais sim com quem falar, já que no EUA o voto não é obrigatório, e por isso, falou com os mais pobres, jovens e a comunidade latino-americana, já que a proposta que esses leitores buscavam era uma mudança na administração do país, principal lema de campanha do atual presidente.

Obama que de acordo o estudo, denominado Twiplomacy que é realizado por uma empresa suíça, revela que o presidente dos Estados Unidos é o que tem mais seguidores no Twitter com 17.115.077. Já o presidente venezuelano surge em segundo lugar, mas a diferença é grande, com 3.152.608, segundo os dados recolhidos pelo estudo, no dia 1 de julho. Enquanto no Brasil os top 3 da lista são a presidente Dilma Rousseff que tem 1.706,223, o candidato a prefeito de São Paulo José Serra com 1.017,348 e a candidata nas ultimas eleições Marina Silva com 633.411 seguidores.

Para se ter uma ideia da diferença que há no recurso de uma das mais populares redes sociais, o presidente português, Cavaco Silva, tem apenas 2.215 seguidores. Bem menos do que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que reúne 10.199 interessados nas suas mensagens.

O estudo conclui que dois terços dos líderes dos 193 países representados nas Nações Unidas estão presentes no Twitter, num total de 264 contas, 45% das quais são de chefes de estado ou de Governo. Contudo, apenas 30 a usam pessoalmente e muito poucos com regularidade.

Nessa campanha, a reeleição de Obama inova mais uma vez. Depois de usar o Twitter, Site, Facebook, bloggers entre outros. Agora Barack Obama quer os votos dos norte-americanos apaixonados por games de esporte desenvolvidos pela EA Sports que vai veicular suas campanhas publicitárias dentro dos jogos da produtora. A campanha será veiculada apenas em alguns estados americanos: Ohio, Nevada, Colorado, Iowa, New Hampshire e Virginia. Segundo informações do site GamePolitics, a publicidade não significa que a EA esteja apoiando Obama: A EA aceita inserir campanha para candidatos políticos credíveis, de forma semelhante à TV, rádio ou qualquer outra mídia. A publicidade, no entanto, não representa qualquer posição política da EA.
Conhecido por sua ligação íntima com as novas tecnologias, Obama quer aparecer nos games da companhia para atingir os eleitores mais jovens. Os comerciais do candidato do Partido Democrata estarão em jogos como Madden NFL 13, Battleship, Tetris e outros.

Mas será que só a mudança de modelo garante novos votos?  

Para consultora Gil Castillo que é Diretora de Relações Públicas da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), apesar de a classe política estar desacreditada pela população, o eleitor está mais crítico e vai comparar as propostas e a apresentação dos candidatos. “Não podemos mais assistir a esses programas fantasiosos. O candidato tem que saber se posicionar dentro de sua história com veracidade e de acordo com a demanda que a população espera e precisa.”

Equipe Canny Publicidade

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