2 de outubro de 2012

Popularidade X Estratégia


Poderíamos falar das representações ideológicas que são expostas no período eleitoral (em demasia na maioria dos casos), ou pedir a vocês leitores um voto consciente que analise as melhores propostas e todo o discurso que a maioria dos meios de comunicação adotam nesta época, mas gostaríamos de propor algo diferente. Vamos falar da maneira como os candidatos se comunicam com os eleitores, como eles se expõem, e é claro, como eles construíram suas candidaturas. Tomamos de exemplo as eleições municipais da cidade de São Paulo, por se tratar da cidade mais populosa do país, onde muitos dos candidatos têm, ou passam a ter visibilidade nacional após se candidatarem.

Começamos pelo candidato do PMDB, Gabriel Chalita, que começou a construir sua candidatura a prefeito da cidade há dois anos, com uma campanha bem conduzida para deputado federal (elegendo-se como o segundo mais votado no estado de São Paulo), o que lhe deu visibilidade aos eleitores da capital, que ainda não o tinham como um político notável, apesar de já ser conhecido pelo trabalho como secretário de educação no governo do PSDB Paulistano. Essa associação talvez venha lhe rendendo dificuldades em convencer o eleitor paulistano, já que ele fez parte do governo de Geraldo Alckmin, político Tucano e que apoia o Candidato José Serra (desse falaremos ao longo do texto). Essa forte associação com um dos partidos de oposição prejudica as intenções de voto no candidato, pois além de não passar uma imagem de um candidato seguro, tem seu nome associado ao nome de maior Rejeição nas pesquisas segundo o Ibope (José Serra, com 37% de rejeição na última pesquisa).

Gabriel Chalita - PMDB

Outra candidata de destaque nas eleições paulistanas é Soninha Francine do PPS, que parece ter finalmente sua figura reconhecida como de uma cidadã atuante na política, deixando pra trás, mesmo que ainda com alguns pequenos resquícios sua fama de ser polêmica, obtida nos tempos em que trabalha na televisão. Com um discurso bem elaborado, uma linguagem jovem e propostas que seguem um caminho diferente das dos demais candidatos, ela consegue chamar a atenção dos eleitores, mas é notório por parte de muitos paulistanos que ela ainda não está preparada para ser prefeita, ou ter um cargo de maior notoriedade, no entanto, já é vista com bons olhos por grande parte dos eleitores da cidade. Soninha ainda não demonstra a “malícia” que normalmente acompanha os políticos e por isso (talvez) não tenha um discurso que consiga sensibilizar as classes menos favorecidas.

Com uma nova forma de se comunicar com o eleitor, usando bem a internet e consequentemente as redes sociais ela vem conquistando o eleitor aos poucos, no entanto, ainda não obteve um grande número de votos para essa eleição, mas certamente figurará por muito tempo no cenário político paulistano.
Soninha Francine - PPS


Dissemos que voltaríamos a falar de José Serra, não é? Pois é, cá estamos novamente pra falar dele. Os recorrentes abandonos de cargos, tanto do Governo do Estado, quanto da própria prefeitura de São Paulo, fizeram com que a imagem do candidato ficasse manchada perante o eleitor, mesmo com sua longa carreira política. A comunicação feita para sua campanha por parte do PSDB também não ajuda, com discursos baseados em ataques ao PT e ao Candidato Celso Russomano (deste falaremos depois), não vem sendo bem vistos pelo eleitorado. Seus resultados nas pesquisas de intenções de voto são prejudicados por isso, e hoje, ele disputa o segundo lugar com um candidato que até então era bem menos conhecido, Fernando Haddad (do PT).

José Serra - PSDB

Aproveitando o nome de Haddad, falaremos dele. Até meados de 2011, o candidato era um nome pouco conhecido do eleitor brasileiro, e até mesmo do eleitor paulistano, apesar de ter sido ministro da educação durante o governo Lula, e ter sido importante na criação do PROUNI. Ele não era um nome de grande notoriedade, mas para o partido que teve um ex operário e sindicalista como presidente do Brasil e elegeu a primeira mulher presidenta do país (detalhe que esta não tinha sido eleita para nenhum cargo público anteriormente), graças a campanhas extremamente meticulosas e muito bem sucedidas, não é impossível transformar um “desconhecido” em prefeito da maior cidade do país. Podemos dizer que a campanha feita pelo PT é bem traçada no que se diz respeito a tornar o candidato uma figura notável. É incrível como em pouco tempo, Fernando Haddad se tornou uma figura comum aos paulistanos, pois ganhou muitos pontos nas pesquisas, e hoje disputa o segundo lugar com o velho tucano José Serra. As respostas a ataques de Serra e Russomano (calma, já, já falaremos dele), prejudicam um pouco a estratégia petista, no entanto, podemos dizer que o resultado alcançado pelo PT é bastante satisfatório, afinal de contas até o início do ano, ninguém sabia quem era Fernando Haddad.

Fernando Haadad - PT

Por fim, podemos falar do líder nas pesquisas de intenção em São Paulo, mesmo com inúmeros ataques de todos os concorrentes e envolvimento em polêmicas, o candidato Celso Russomano do PRB tem a sua imagem exposta aos paulistanos há muito tempo. Russomano já havia tido um espaço na TV nos anos 90 quando teve início na vida pública, sendo o deputado federal mais votado nas eleições de 1994. Mesmo assim nunca abandonou a TV, mas foi em 2011, quando ele passou a fazer parte da Rede Record (pela segunda vez), e se filiou ao PRB que começou a construir sua imagem para candidatura a prefeitura da cidade. Com grande exposição midiática, sempre acompanhada de um discurso voltado para o expectador mais simples, conseguiu sacramentar sua popularidade em São Paulo, e com uma campanha mais baseada nas passeatas e no “discurso cara a cara” do que nas campanhas de TV, ele vem conquistando o eleitor paulistano e tem grandes chances de se eleger prefeito da cidade, pois sua imagem se tornou quase que inabalável devido a grande identificação do público com ele, e mesmo com todos os ataques que a campanha vem sofrendo dos oponentes, Russomano, não faz o jogo da maioria dos candidatos, e exceto a algumas afirmações de Haddad, que incomodaram a candidatura dele, não costuma responder aos ataques, o que agrega valor positivo a sua campanha.

Celso Russomano - PRB


A partir dessa análise, podemos dizer que, aos poucos, o modelo de campanhas políticas no Brasil vem melhorando, ainda temos maus exemplos, com ataques ridículos, jingles horrorosos e materiais eleitorais ultrapassados como cavaletes, carros de som e santinhos, mas já podemos observar novas estratégias, com uma linguagem mais contemporânea, uma maior importância dada à imagem do candidato perante o público, o que os torna cada vez mais “comuns” aos olhos dos eleitores, e uso, por que não dizer que algumas vezes bem feito das redes sociais, caracterizam uma mudança de olhar dos marqueteiros políticos e dos candidatos. Apesar de ser de forma lenta, podemos esperar melhoras para as próximas eleições, pois os discursos bizarros não tem feito tanto sucesso quanto a alguns anos atrás. È isso aí galera, vamos forçá-los a falar conosco com respeito, pois todos nós eleitores merecemos.

Equipe Canny Publicidade

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