Poderíamos falar das representações ideológicas que são expostas no período eleitoral (em
demasia na maioria dos casos), ou pedir a vocês leitores um voto consciente que
analise as melhores propostas e todo o discurso que a maioria dos meios de
comunicação adotam nesta época, mas gostaríamos de propor algo diferente. Vamos
falar da maneira como os candidatos se comunicam com os eleitores, como eles se
expõem, e é claro, como eles construíram suas candidaturas. Tomamos de exemplo
as eleições municipais da cidade de São Paulo, por se tratar da cidade mais
populosa do país, onde muitos dos candidatos têm, ou passam a ter visibilidade
nacional após se candidatarem.
Começamos
pelo candidato do PMDB, Gabriel Chalita, que começou a construir sua
candidatura a prefeito da cidade há dois anos, com uma campanha bem conduzida
para deputado federal (elegendo-se como o segundo mais votado no estado de São
Paulo), o que lhe deu visibilidade aos eleitores da capital, que ainda não o
tinham como um político notável, apesar de já ser conhecido pelo trabalho como
secretário de educação no governo do PSDB Paulistano. Essa associação talvez
venha lhe rendendo dificuldades em convencer o eleitor paulistano, já que ele
fez parte do governo de Geraldo Alckmin, político Tucano e que apoia o
Candidato José Serra (desse falaremos ao longo do texto). Essa forte associação
com um dos partidos de oposição prejudica as intenções de voto no candidato,
pois além de não passar uma imagem de um candidato seguro, tem seu nome
associado ao nome de maior Rejeição nas pesquisas segundo o Ibope (José Serra,
com 37% de rejeição na última pesquisa).
Gabriel Chalita - PMDB
Outra
candidata de destaque nas eleições paulistanas é Soninha Francine do PPS, que
parece ter finalmente sua figura reconhecida como de uma cidadã atuante na
política, deixando pra trás, mesmo que ainda com alguns pequenos resquícios sua
fama de ser polêmica, obtida nos tempos em que trabalha na televisão. Com um
discurso bem elaborado, uma linguagem jovem e propostas que seguem um caminho
diferente das dos demais candidatos, ela consegue chamar a atenção dos
eleitores, mas é notório por parte de muitos paulistanos que ela ainda não está
preparada para ser prefeita, ou ter um cargo de maior notoriedade, no entanto,
já é vista com bons olhos por grande parte dos eleitores da cidade. Soninha
ainda não demonstra a “malícia” que normalmente acompanha os políticos e por
isso (talvez) não tenha um discurso que consiga sensibilizar as classes menos
favorecidas.
Com
uma nova forma de se comunicar com o eleitor, usando bem a internet e consequentemente
as redes sociais ela vem conquistando o eleitor aos poucos, no entanto, ainda
não obteve um grande número de votos para essa eleição, mas certamente figurará
por muito tempo no cenário político paulistano.
Soninha Francine - PPS
Dissemos
que voltaríamos a falar de José Serra, não é? Pois é, cá estamos novamente pra
falar dele. Os recorrentes abandonos de cargos, tanto do Governo do Estado,
quanto da própria prefeitura de São Paulo, fizeram com que a imagem do candidato
ficasse manchada perante o eleitor, mesmo com sua longa carreira política. A
comunicação feita para sua campanha por parte do PSDB também não ajuda, com
discursos baseados em ataques ao PT e ao Candidato Celso Russomano (deste
falaremos depois), não vem sendo bem vistos pelo eleitorado. Seus resultados
nas pesquisas de intenções de voto são prejudicados por isso, e hoje, ele
disputa o segundo lugar com um candidato que até então era bem menos conhecido,
Fernando Haddad (do PT).
José Serra - PSDB
Aproveitando
o nome de Haddad, falaremos dele. Até meados de 2011, o candidato era um nome
pouco conhecido do eleitor brasileiro, e até mesmo do eleitor paulistano,
apesar de ter sido ministro da educação durante o governo Lula, e ter sido importante
na criação do PROUNI. Ele não era um nome de grande notoriedade, mas para o
partido que teve um ex operário e sindicalista como presidente do Brasil e
elegeu a primeira mulher presidenta do país (detalhe que esta não tinha sido
eleita para nenhum cargo público anteriormente), graças a campanhas
extremamente meticulosas e muito bem sucedidas, não é impossível transformar um
“desconhecido” em prefeito da maior cidade do país. Podemos dizer que a
campanha feita pelo PT é bem traçada no que se diz respeito a tornar o
candidato uma figura notável. É incrível como em pouco tempo, Fernando Haddad
se tornou uma figura comum aos paulistanos, pois ganhou muitos pontos nas
pesquisas, e hoje disputa o segundo lugar com o velho tucano José Serra. As
respostas a ataques de Serra e Russomano (calma, já, já falaremos dele),
prejudicam um pouco a estratégia petista, no entanto, podemos dizer que o
resultado alcançado pelo PT é bastante satisfatório, afinal de contas até o
início do ano, ninguém sabia quem era Fernando Haddad.
Fernando Haadad - PT
Por
fim, podemos falar do líder nas pesquisas de intenção em São Paulo, mesmo com
inúmeros ataques de todos os concorrentes e envolvimento em polêmicas, o
candidato Celso Russomano do PRB tem a sua imagem exposta aos paulistanos há
muito tempo. Russomano já havia tido um espaço na TV nos anos 90 quando teve
início na vida pública, sendo o deputado federal mais votado nas eleições de
1994. Mesmo assim nunca abandonou a TV, mas foi em 2011, quando ele passou a
fazer parte da Rede Record (pela segunda vez), e se filiou ao PRB que começou a
construir sua imagem para candidatura a prefeitura da cidade. Com grande
exposição midiática, sempre acompanhada de um discurso voltado para o
expectador mais simples, conseguiu sacramentar sua popularidade em São Paulo , e com uma
campanha mais baseada nas passeatas e no “discurso cara a cara” do que nas
campanhas de TV, ele vem conquistando o eleitor paulistano e tem grandes
chances de se eleger prefeito da cidade, pois sua imagem se tornou quase que
inabalável devido a grande identificação do público com ele, e mesmo com todos
os ataques que a campanha vem sofrendo dos oponentes, Russomano, não faz o jogo
da maioria dos candidatos, e exceto a algumas afirmações de Haddad, que
incomodaram a candidatura dele, não costuma responder aos ataques, o que agrega
valor positivo a sua campanha.
Celso Russomano - PRB
A
partir dessa análise, podemos dizer que, aos poucos, o modelo de campanhas
políticas no Brasil vem melhorando, ainda temos maus exemplos, com ataques
ridículos, jingles horrorosos e materiais eleitorais ultrapassados como
cavaletes, carros de som e santinhos, mas já podemos observar novas
estratégias, com uma linguagem mais contemporânea, uma maior importância dada à
imagem do candidato perante o público, o que os torna cada vez mais “comuns”
aos olhos dos eleitores, e uso, por que não dizer que algumas vezes bem feito
das redes sociais, caracterizam uma mudança de olhar dos marqueteiros políticos
e dos candidatos. Apesar de ser de forma lenta, podemos esperar melhoras para
as próximas eleições, pois os discursos bizarros não tem feito tanto sucesso
quanto a alguns anos atrás. È isso aí galera, vamos forçá-los a falar conosco
com respeito, pois todos nós eleitores merecemos.
Equipe Canny Publicidade
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