19 de novembro de 2012

O negro na publicidade


A publicidade é um meio e um instrumento que pode ser usada de maneira positiva ou negativa. Se os seus efeitos podem ser positivos, ressaltamos que, às vezes, pode ter de igual modo uma influência negativa e nociva aos indivíduos e à sociedade, além de ter também uma influência degradante sobre a cultura e os seus valores. Neste contexto, podemos afirmar que a publicidade é uma das mais poderosas forças mediadoras da cultura.

Os anúncios publicitários vendem mais do que apenas produtos. Eles vendem imagem, valores, ideais e conceitos de quem somos e quem deveríamos ser.  Em resumo, são capazes de moldar as nossas atitudes, e nossas atitudes moldam e definem o nosso comportamento e a nossa identidade.

Consequentemente, a publicidade tende a caracterizar de modo desigual, certos grupos particulares de pessoas, colocando-os em situação de desvantagem em relação aos outros. Isto pode ser verificado com frequência no modo de representar a etnia negra nos veículos de comunicação. 

Com relação ao tratamento dado pela publicidade brasileira para com a raça negra, um levantamento realizado pelo instituto de pesquisa Datafolha, em 1995, descreveu a pouca utilização de negros na publicidade televisiva: considerando apenas intervalos comerciais durante 115 horas de programação das principais emissoras de televisão da cidade de São Paulo, demonstrou que a proporção de comerciais com a participação de negros varia entre 4,7% e 17,8%. Esse resultado deve ser melhor analisado quando levamos em consideração que a população de negros e mestiços é constituída de quase 50% da população brasileira. Portanto, em termos absolutos, os números são alarmantes.

O Datafolha constatou também que os maiores contrastes numéricos encontram-se na comparação entre os comerciais de anunciantes e as inserções das próprias emissoras. Na Rede Bandeirantes, por exemplo, apenas  2,9% dos comerciais próprios têm a participação de negros. Esse número muda para 10,1% quando se consideram os comerciais de anunciantes externos. A pesquisa revelou ainda que, na maioria das vezes, o negro aparece nas publicidades em papéis secundários, o SBT, com 17,8% de participação de negros, é a emissora em que eles mais aparecem. Em seguida, vem a Rede Globo, com 13,2%. 

E preciso ter uma discussão sobre a ética na publicidade sobre a questão dos papéis atribuídos aos negros nas peças publicitárias. Por acaso ficaria “irreal” usar negros na publicidade de produtos mais sofisticados? 

Será que a culpa é dos publicitários, da sociedade que se omite ou apenas das marcas que anunciantes?

Canny Publicidade


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